sexta-feira, 5 de novembro de 2010

AS TORRES DE DENTRO!!



EM TEMPOS que eu conseguia fazer analise, tempo esse que preciso retomar e com urgência...Recebi um texto, por e-mail da psicologa que me entendia...




Remechendo nas minhas caixas, encontrei tal texto é da Marta Medeiros, autora que compartilho certa simpatia...




Espero que você goste...porque eu gostei... Um abraço... Tenho tido pouco tempo pra escrevinhar coisas minhas que não a monografia...logo volto a escrever sobre coisas do fantastico"nem tão fantastico", mundo de JULY...




As torres de dentro




Não tenho como escapar: coluna de quarta feira, um ano após os atentados, vou falar sobre o quê? Sobre o Red Hot Chili Pepers? A imprensa ás vezes vira refém de certas datas. Tal qual a gente. Comemoramos secretamente o aniversário do primeiro beijo, da primeira transa, de todas as primeiras coisas bacanas que nos aconteceram.


E das coisas ruins também, das vezes que as torres que construímos dentro de nós FORAM DERRUBADAS.




Cada sonho nosso foi construído andar por andar, e teve vezes que ultrapassamos as nuvens, erguemos nossos prédios do milênio, mais altos que qualquer prédio de Cingapura, Schangai, Nova York. A psicanalise fala em CASTELOS. É mais ou menos isso: sonhos Aparentemente concretos.




Já tive TORRES internas que foram ao Chão.


Torres altas demais para mim, torres que nem chegaram a ficar concluídas, (as de dentro nunca se concluem), torres que me exigiram esforço e que me deram prazer, até que alguém, com uma frase, ou um gesto, as fez virem abaixo. TINHA GENTE DENTRO: tinha eu.




Torres são visiveis, monumentais: viram alvo. Um projeto empolgante demais, uma paixão incontrolavel demais, um desejo ardente demais, idéias ameaçadoras demais: tudo isso sai da linha plana da existência, nos coloca em evidência, a gente acha que os outros não percebem mas percebem, e que ninguém se assusta, mas se assustam. Quem nos derruba? A nossa vulnerabilidade.




TEM GENTE QUE PERDE UM GRANDE AMOR. Perde mais de um, até. E perde filhos, pais e irmãos. Tem gente que perde a chance de mudar de vida. E há os que PERDEM TEMPO.


OS anos passam cada vez mais corridos, os aniversários se repetem.


Tem gente que viu sua empresa desmoronar, sua saúde ruir, seu casamento ser atingido em cheio por um petardo altamente explosivo.


TEM gente que achava que iria ter chance de estudar mais tarde e não estudou. Os que achavam que iam ganhar uma medalha por bom comportamento, e não receberam nem um tapinha nas costas.




E NO ENTANTO AINDA ESTAMOS DE PÉ, porque não ficamos apenas contando os meses e os anos em que tudo se passou. Construímos outras torres no lugar. Não ficamos velando eternamente os atentados contra nossa pureza original. As novas torres que erguemos dentro serão sempre homenagens póstumas as nossas pequenas mortes e uma prova de confiança em nossas futuras glórias.
Martha Medeiros.

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