terça-feira, 9 de novembro de 2010

Nunca mais abro a janela do meu quarto, num dia cinza!


Agora está cinza.

Mas demanhã quando sai para aula, estava lindo...Coloquei um vestido e quase congelei na hora da saída. Chovia, ventava um redevu...E eu lá esperando uma carona, lembrando da infância na Vila Leste...Vou contar uma triste feliz história sobre minha infância...


Nos dias de chuva, eu tinha que ir pra aula pq minha vó não acreditava mais nas dores de barriga que eu inventava pra ficar olhando a Xuxa em casa...aí eu ia... de melissinha, poucos ou nenhum lápis de cor, e caderno embaixo do braço...Porque será que eu nunca tinha pasta? Acho que era supérfluo como minha vó dizia...E também não tinha sombrinha,,,supérfluo?

A verdade é que eu não comprendia certas coisas, principalmente essas verdades materiais que assombram a infancia escolar...Sabia que eu era diferente, daquelas meninas loirinhas filhas de professora, até hoje sou um tanto diferente da grande maioria das meninas...


Mas pra fechar com o que eu escrevia lá em cima sobre dias de chuva na saída da escola e hoje na saída da faculdade...é que assim como meus colegas eu pensava que ia derreter se saísse na chuva...ai ficava ali esperando passar...todos os meus colegas ficavam ali também, mas esperando os pais virem nos seus carros confortaveis buscar os filhinhos, ou as mães, tias vós visinha trazer uma sombrinha e uma capa de chuva colorida...


Eu sabia que ninguém viria me buscar, já era moçinha e ia e voltava sosinha da escola (com o veredito: não dá conversa pra estranhos, homem adultos principalmente)...Mas tinha dias que a chuva demorava, e todos os coleguinhas ja tavam indo e a hora de fechar o colégio ja tava chegando... Aí eu fiz uma coisa louca... fui no orelhão do colégio, peguei uma ficha, disquei um número a esmo e falei:

-Mãe vem me buscar, tá chovendo e eu não tenho sombrinha...todo mundo ja ta indo...e eu tô encarangando de frio. só ouvia um tutututututututu...


Não desligaram, minha mãe se tivesse telefone não desligaria, eu não tinha telefone...em casa, naquela época (1988), quase ninguém da minha classe social tinha, só quem tinha ações da CRT tinha telefone. Depois da Privatização da CRT, ai todo mundo tinha telefone até os pobres que maravilha, e os Espanhois donos da Brasil Telecon com todo o poder de comunicação nas mãos. Numa cidade chave, cheia de quartéis isso entendo hoje que sou menos burralda um pouco.
Peguei minhas coisas e fui pra casa chorando...na chuva...daí dá pra chorar...sem ninguém ficar perguntando pq está chorando...

Voltando...Aí tu imagina a loucura da minha cabeça...desde criança eu já era confusinha...Moral da história:

Dias de chuva ou não você tem que andar sosinho, e seus problemas são só seus problemas, a grande maioria não se importa se vc se importa, se vai derreter, adoecer enfim as chuvas tem que ser enfrentadas!


Dias como este, cinza tem que dar vontade de sair de casa também...encontrar forças sei lá aonde pra superar os obstaculos...na minha vida até que são poucos, porque não desejo tantas coisas...dificeis!
Que isso sirva de aviso pra você...as chuvas da vida, são oportunidades impares pra renovar inclusive as energias...
Que tal um banho de chuva???

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